das dores que o conhecer-se traz como repertório, numa linda pasta preta com detalhes azul marinho.
palavras de alguém distante mas presente em mim!
"Caro Diário
Tenho lido compulsivamente os relatos de uma pessoa distante: eu-mesmo.
Aliás, de um “amigo” que mal me conhece, mas de certo modo estará inexoravelmente ligado a mim e me é bastante íntimo nos questionamentos e buscas.
Logo, não o posso definir como estranho, já que tenho, ao longo de minha existência, experimentado a dualidade que o invade no momento presente.
Naqueles desabafos me foi exposto o panorama do caos existencial que invade àqueles que buscam uma rota alternativa, a chance de experimentar algo novo, além do caminho preconcebido e imposto.
Em meio a tanta cegueira, a certeza da presença de criaturas dispostas a vôos mais altos reconforta-me, alenta meu coração.
Lançar-se na busca da verdade pressupõe necessariamente um processo de desconstrução, não há ganhos, sem perdas.
É preciso deixar de lado o que é estranho a nossa natureza e essência, nos deixar conduzir pela nossa intuição mais preciosa, já que dentro de nós a alguém que tudo sabe e tudo vê.
Um olhar atento para dentro, revela mais do que mil palavras.
Só se é plenamente quando somos capazes de nos entregar nessa busca, respeitando toda a ambigüidade que é ser humano.
A consciência de que sentimentos antagônicos nos invadem e habitam não nos é nociva, antes nos liberta, à medida que nos permitimos saber-nos bons e maus, conseqüentes e inconseqüentes, santos e demônios.
Não somos seres lineares, mas bipolares, o que nos permite uma infinidade de possibilidades de que o novo venha reformular o velho já existente em nós, renovando-nos (refiro-me àquelas verdades recebidas e internalizadas desde nossa mais tenra idade)...
Ser é querer ser.
Esse é o começo de tudo, o desejo e a consciência de que a busca de nossa verdade é vital.
Contudo, não podemos nos entregar a busca e “ser” plenamente, se nos prendermos ao “certo”, ao passado.
O novo pressupõe de alguma forma no aniquilamento em nós daquilo que passou.
Soterrar o momento vivido e seguir em direção ao futuro incerto, desconhecido, com todas as novas expectativas que encerra.
Essa aventura do “ser” efetivamente, viver do que mais há de mais genuíno em nós não pode comportar medo algum, esse sentimento nos afasta de nossa verdade, nos amarra ao aconchego que provem do presente seguro e certo.
Enquanto não se segue em frente, sem olhar para trás, permanece-se preso ao passado para sempre, sendo sombra do que se é efetivamente, parte de uma festa desconhecida e desejada.
UM BRINDE A TUDO QUE QUEREMOS VIVER...
VAMOS ABRIR O VINHO?"
texto de Branco, o garoto de preto interrompido.
Um comentário:
" hoje em dia a coisa mais fácil é não ser...ridícula, absolutamente ridícula!"...mas desta vez, sem risos.
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