não me justifico: assumo-me.
eu poderia falar de minhas insistentes ofertas que dedico-lhe em silêncio: que as minhas prioridades sejam para ti, que recebe a oferta, tão valiosas como minha vida deveria ser...como a sua vida a mim, é.
eu poderia começar falando de minha arrogância provocadora, e de minha insistência em olhar apenas para as minhas dores em meus delírios perseguidores, onde à mim todos parecem fingir não me ver. eu poderia relembrar-me das incontáveis vezes em que ajuda recebi, mesmo quando eu não conseguia enxergar socorro. eu também poderia falar das vezes intermináveis em que me coloquei como vítima diante da responsabilidade que deveria ser só minha. a minha arrogância é pretexto posto que eu mesmo me subestimo.
eu deveria falar também como quem lucidamente olha pra si, como costumeiramente faço, embora não comente. eu deveria dizer-lhes como sinto por não conseguir modificar-me. transformar a dura realidade: não importa aos outros o que importa a mim... e eu também deveria dizer de como é penoso encarar o fato de que, diante de tamanha inconformidade a vida ainda pulsa. eu poderia e deveria dizer-lhes que não lamento nada e que tudo deve prosseguir. mas não é assim que acontece.
como agora a dor pungente em minha cabeça indica minha imaturidade. como agora a dor que me impulsiona a escrever-lhes mesmo sabendo que ninguém vai ler, nem comentar. essa dor também me esclarece: se alguém me ler, não terá o que dizer.
eu poderia me embriagar e denunciar que nada sei. esse assistencialismo que eu cresci chamando de ideal. eu poderia também elencar o que me fez achar assim, e quais aspectos de minha criação eu mesmo teria mudado, se pai eu fosse. eu deveria repetir mais a mim mesmo: não existem culpados! eu poderia ir além, se eu pudesse de fato nunca mais surpreender-me ao sentir o que não controlo. ainda.
eu poderia dizer aqui abertamente de minha grande decepção, do tamanho exato de minha ambição que a precede. eu poderia esclarecer afirmando o que me vem à cabeça sempre: eu, no seu lugar, faria diferente!