quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

"Faíscas das britas e leite das pedras"


me demoro dias, esperando que aconteça
me escondo na fatalidade
e encaro a fome de vida
a minha
a nossa

porque me felinizo ao ouvir

a melodia noturna me toma
me escondo faltalmente atrás das nuvens
e em segundos, assim como o gato na lua
dispersa-se

qualquer ruído me atenta
prefiro o pulo à pedir licença

me assusto
de quantas vivalmas precisarão a mais, eles?
da minha!

socorro-me as lâminas
que de papelão que são
iluminam-me
assim como a luz da lua
no gato.

acelero, me freio e breco
afronto-me
afronte-se
me solidarizo comigo
solidarizemo-nos

houve abandono
de outros, mas não de mim mesmo

de grão em grão
a galinha rompe a casca
do ovo


*