sábado, 4 de setembro de 2010

"voltar quase sempre é partir para um outro lugar"

hoje eu me lembro exatamente de como fora o dia em que, num soluço libertador, de lágrimas fartas e coração pulsante, eu chorei.
e foi um choro certo, firme. como uma criança que pela primeira vez perde o fôlego ao burlar as regras e, pulando de banco em banco, tropeça e cai.
foi choro de criança que, nunca antes havia experimentado as borboletas na barriga! o calafrio que sobe feito rápido feito bala e envolve...tudo pára à sua volta. só se escuta o barulho do tombo.
a mesma criança se levanta rapidamente! não seria justo alguém visualizar sua queda! imediatamente a criança sente algo que a esquenta e desce lentamente!
a calamidade se instaura: como ele vai contar aos outros?
é sangue!
sai correndo em direção ao banheiro, menino valente! joga água.
quando consegue enxergar a ferida, a cor da pele se esvai. empalidece!
outro redemoinho se instaura internamente, ele vai precisar de ajuda.

eu tenho a impressão que, toda vez que eu escutar aquela música, eu retornarei àquelas sensações de imediato!
um sentimento inquietante, em que tudo vinha abaixo sobre minha cabeça.
era nossa estória curta, que um dia acreditamos ser longínqua.
este mesmo menino agora escreve, indignado com nossa morte.
em uma tarde, simplesmente resolve-se dizer NÃO.
e o preço do NÃO é altíssimo!
embora o não edifique, enquanto o sim é permissivo demais, custa muito caro amadurecer.
eu agora consigo compreender-te, em todos os teus destruidores sim's envoltos em pele de medo, sempre com muita pompa! sempre embevecido de mágica. de mentira! que pra você era verdade. sua única verdade: daí o apego!
eu quis quebrar tua terceira perna. eu quis que andasses, "vem, caminhemos!"
paguei o preço.
a cidade que criamos pra nós, agora deixamos.
cada um pega a estrada e o rumo para uma direção diferente.
no peito que é meu, você ainda vive... assustada em alguma singela caverna.
não consegui te matar naquela tarde de adeus. e sei que o tempo, nada vai curar. pois é doença de alma. almas que dispersaram-se.
eu queria poder ligar-te e dizer-te que não te matei. e que não o pretendo.
me sentiria bem, se eu pudesse saber que por trás do provável "estou bem, obrigado" que eu ouviria, existe uma alma que um dia se reconheceu na minha e assim, encontrou espaço.
"i don't love you anymore"
hoje esse espaço não está vazio. mas a ambiência se modificou.
eu também estou mudando...
"se meu destino é partir, não é ficar, tenho de caminhar!"
boa sorte!