embriagado
minha pele se torna mais clara...
ao virar meu rosto, tudo em volta torna-se arredio
como se fugissem
não sei de quem
mas não fujo eu
vou-em ao encontro
de mim mesmo
como se fosse em busca de si mesma, aquela mulher embriaga-se
as vistas parecem captar o que normalmente lhes passam em branco
as cores se intensificam
ela mesmo se vê, mais colorida
pensa nas perdas
medo da morte
entre um gole e outro, procura entrar em contato com si mesma
quando a conheci, julguei fuga
mas que julgamento poderia ser esse?
nada além de conceitos estabelecidos, sem ter sentido
abaixo da mesma pele... da mesma cor
não sei mais o que é ela e o que é a bebida
a mim
ela é verdadeiramente aquilo que se torna quando bebe
ela bebe pra ser lúcida
quem é ela, a mulher que observa os pássaros
a mulher que desde criança
se põe aos telhados
e fica por horas
observando-os
tem medo da morte
tem medo do não ser reconhecida
ela, que me pergunta: 'o que ainda faz a me ouvir?'
eu nada respondo
mas penso
debaixo dessa minha pele, eu espero
também encontrar-me
subo em meu telhado, me ponho deitado sobre meus barros
moldados em alma minha
como ela.
mas não observo pássaros.
observo a mim mesmo.
desenho.
o que há além de nós?
o que aprenderemos nesta vida?
uma só vida será suficiente?
só observo e desenho.
desenho
desenho
quinta-feira, 1 de abril de 2010
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Um comentário:
a lucidez dos loucos, a voz que fala através da embriaguez. tira as suas defesas, menina. quero te desenhar como realmente és.
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