segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

sem título


e voltei a procura daquilo que unicamente poderia chamar de 'meu'.
preciso do toque
da proximidade
sou de cheiro
de gosto

abri a porta e tudo estava jogado.
antes de sair tratei de espalhar, pois quando se amontoam sentimentos a sensação que dá é de unicidade
e minha busca era a pluralidade

entre meus objetos, muitos papeis de difícil desapego
o bilhete daquele show que a desconhecida não mereceu, mas que dediquei-lhe em silencio.

invadi aquela sala que por tanto esperei vazio ali sentado,
observando manchas que na parede poderiam ser baratas calculistas
recolhi o que se espalhava, até que a sensação veio, do pouco que tenho,
unificado em grandes sacolas de plástico.

subi as escadas, pra não tão cedo desce-las.
estou partindo
me viro e fito olhos azuis que em sua fulminante bondade me beijam
lamentam!
não há o que lamentar, respondo.
entrei no carro e a medida que ele seguia, fechei os olhos, para não lembrar o caminho.
para que na próxima vez, seja novo novamente

.

olho pro lado, não estive sozinho
não havia explicação plausível de tais presenças
senão aquela,
que não se mede
que não se paga
senão aquela,
que sem título, intitula
o que, sem nome,
chamamos de alma
estamos fadados
ligados
entrelaçados
e apenas uma palavra, pouco bem empregada
tenta nos definir: amigos.

.