segunda-feira, 26 de abril de 2010
"você não pode encontrar paz evitando a vida"
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Quando Deus chorou

De um minuto pro outro eu senti. E tudo a minha volta pareceu escorrer. De um minuto pro outro, assim tão naturalmente quanto você que me lê, resolve então me visitar, ou melhor, quando você quase como se seguindo a ordem natural das coisas...de repente está aqui.
Meu irmão,
Perdoa-me por inteiro! Eu senti meu querido amor irmão agora mesmo confundo a palavra. Amor / irmão. Me perdoa pois o que eu sinto é além. Além – mim.
Além de qualquer uma dessas letras possa expressar; de repente, de um minuto pro outro, como relógio que abastecido, corre e mesmo anunciado soa imperceptível. É o que se sente e o que se pode agüentar! Meu irmão, de repente, como que naturalmente cai a folha no chão tão suavemente senti a dor.
A do da partilha
A dor aguda da não compreensão!
Me perdoa pai
Me perdoa mãe, eu que como Deus entendendo os milhares de motivos tenta racionaliza-los no juízo, eu , hoje só sinto.
Sinto a densa capacidade, mãe do que tu que na tentativa de me fazer andar (a partir do confrontamento) tantas vezes não me compreendeu...
Me perdoa pai, por eu achar que tu devesse agir de tal modo! Me perdoa por ter julgado-te sem sentimentos nas vezes em que me ofendeu.
Me perdoa mãe, pelas inúmeras tardes em que eu, por preguiça não te atendi. Ou naquela noite em que me vinguei de ti, permitindo que adormecesse com as dores nas costas que tanto te afligia.
Me perdoa meu irmão, por ter dividido tudo contigo e não ter entendido o que sentiu quando me diferenciei de ti. Perdoa-me, estou em lágrimas em frente ao espelho. Tento falar é com vocês agora. Tento entrar em contato. Agora. Tantas vezes em que me senti estrangeiro em solos teus. Me perdoa pela dor daquelas vezes em que ódio dediquei por não ser entendido. Perdoa-me pelas escolhas que fizeram. Perdoa-me pelos inúmeros nãos! Perdoa-me também, pai, por te detestar sem sequer ter me fundido a ti na esperança de sentir o que borbulhava. Agora choro, transbordando sozinho. És castigo, punição!
Não quero me salvar, não tenho mais salvação! Antes de me perder por completo quero entrar em contato. O contato que neguei por ter me deixado levar pela fúria. O contato!
Hoje é a dor de minha própria incompreensão diante do não-entendo vosso que me dissolvo.
Hoje é a dor de tudo o que está para morrer e não tem o momento... uma hora, sequer um minuto ou segundo.
É a aguda dor que assola o mundo!
Hoje entro em contato com o que desejais para mim. Sinto o sal. Sinto o valor que um dia eu julguei não existir. Desculpe por isso também. Perdoa-me por julgar com tamanha veemência!
Me perdoa meu amor você também, por eu ter sempre a me poluir a cabeça uma incapacidade tua a tira-colo.
Eu também quero me fundir a você
Eu também quero me fundir a você pai
Mãe
Irmão
Filho!
Eu quero ser um contigo!
Eu quero por que agora me é dada oportunidade.
Agora meu corpo expulsa o que cultivei.
Sou o neutro. Não sei por que choro. Não sei por que sequer tento racionalizar o que se passa!
É porque choro que me escorro feito água viva do banho. E sem esperar nada ouço o choro de todos os outros! Eu apenas sinto. E entro em contato. Tento. Como se eu invadisse a vocês e trouxesse também a cura!
Sem querer. Involuntária forma de amar.
O amor é não entender!
Entro em vocês sem esperar nada. Só vem à minha memória tudo o que eu tive e me transformo em poça d’água diante do que tive sem saber. Nos inúmeros silêncios que me foram reprovados e contestados sem sentir ao calar-se, respeitava-me mesmo sem capacidade de esconder desaprova.
Hoje abraço! Como quem entra definitivamente em processo de fusão. Eu quero sentir mais. Hoje foi o dia em que Deus chorou diante da própria criação. Tudo o que sentistes vós ao longo de suas vidas, sinto o reflexo hoje se apoderar de mim e digo: estou sentindo a dor!
Meus amores Meu amor
A dor que ainda ontem exigi de ti que cessasse por ter admitido não compreender-me hoje me dobra também por eu não ter entendido-te
Pois até vós tentais fundir-se.
Julguei-me fadado a não compreensão, sem me dar conta que poderia eu ter entrado em contato com tudo o que não me compreendeu. E que até os que nada me compreendeu. E que até os que nada entendem, sentem por não sentir. E que ao tentar... a vã tentativa de fusão com o outro, também lamentam o fracasso. Pois até a natureza deve ser respeitada. E hoje colho o que plantei.
Poderíamos todos, antes mesmo de tentarmos racionalizar o que nos rodeia, entrar em contato.
Me perdoa pela incapacidade
Me perdoa pela inabilidade
Me perdoa pela inatividade
Me perdoa pela extrema emotividade.
Tudo o que há dezenas de vidas passadas adormecia em mim, agora, de repente, como de um minuto pro outro, o relógio corre secretamente, borbulhou!
E agora cuspo toda minha matéria líquida, que debaixo pra cima despeja viscosamente o neutro de mim.
Escuta-me leitor
Escuta-me!
Escuta-me pois creio estar sentindo!
Sinto sem saber. Choro sem saber nenhum por quê?
Transbordo por todas as dores. Sinto demasiadamente tudo o que tem vida dentro e fora de mim. É justamente por não saber ao certo que não me acalmo.
Sinto também o peso das lágrimas de Deus.
É como se hoje, toda minha criação me exigisse. E, sem saber, eu chorasse sozinho. Erupção de sentimentos!
Acordei de anos em repouso. Minhas lágrimas vieram sem saber que o secar delas mesmas trariam a fartura da terra. Minhas lavas vieram sem saber que enriqueceriam as mesmas fendas que abriram em meu rosto.
Toda compreensão é posterior.
Eu só sou capaz de amar sem completamente entender.
Admiro o que me é depois!
Amo o que me é agora.
Hoje digo com todas as letras: Não se preocupas!
Não serei mais ingrato que já fui!
Hoje meu Deus chorou. Simplesmente por existir. Diante de sua própria criação e diante do pulsar de cada individuo que nesse mesmo minuto nasce e morre. E por todos os outros que, agora mesmo, algo sente, descobre, revive. Eu mesmo acabo de nascer e agradeço por todas as formas de amor...
Eu que não tinha me dado conta que se ama muito mais o que não se entende. Hoje vos alcancei! Um a um. Me deixa entrar em contato.
Abra a porta, eu quero morar em todos vocês.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
por que o amor tem que doer?

terça-feira, 13 de abril de 2010
aurora de mim - crepúsculo de ti
acontece
domingo, 11 de abril de 2010
brutal(idade)
se traduire

sexta-feira, 9 de abril de 2010
anosmia
terça-feira, 6 de abril de 2010
surpresas

segunda-feira, 5 de abril de 2010
"artístico demais"
sexta-feira, 2 de abril de 2010
é tão tarde! a manhã já vem...
Outra parte é ninguém
Fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão
Uma parte de mim, pesa e pondera
Outra parte, delira!
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte, linguagem
Traduzir uma parte na outra parte
Que é uma questão de vida ou morte
Será arte?
Será arte?
manhã fria
uma leve dor de cabeça me desperta
quinta-feira, 1 de abril de 2010
pele
minha pele se torna mais clara...
ao virar meu rosto, tudo em volta torna-se arredio
como se fugissem
não sei de quem
mas não fujo eu
vou-em ao encontro
de mim mesmo
como se fosse em busca de si mesma, aquela mulher embriaga-se
as vistas parecem captar o que normalmente lhes passam em branco
as cores se intensificam
ela mesmo se vê, mais colorida
pensa nas perdas
medo da morte
entre um gole e outro, procura entrar em contato com si mesma
quando a conheci, julguei fuga
mas que julgamento poderia ser esse?
nada além de conceitos estabelecidos, sem ter sentido
abaixo da mesma pele... da mesma cor
não sei mais o que é ela e o que é a bebida
a mim
ela é verdadeiramente aquilo que se torna quando bebe
ela bebe pra ser lúcida
quem é ela, a mulher que observa os pássaros
a mulher que desde criança
se põe aos telhados
e fica por horas
observando-os
tem medo da morte
tem medo do não ser reconhecida
ela, que me pergunta: 'o que ainda faz a me ouvir?'
eu nada respondo
mas penso
debaixo dessa minha pele, eu espero
também encontrar-me
subo em meu telhado, me ponho deitado sobre meus barros
moldados em alma minha
como ela.
mas não observo pássaros.
observo a mim mesmo.
desenho.
o que há além de nós?
o que aprenderemos nesta vida?
uma só vida será suficiente?
só observo e desenho.
desenho
desenho
diazepan verde
como antigamente
aceitar carão
depressão
aflição
viver perdido
sem ter morrido
nem tão vivido
ter se esquecido
viver a procura
da própria ternura
cessei com a doçura
que medo da amargura!
saudades de mim
procura de mim
salvar-se
desse novo 'mim'
que configura aos poucos
o novo 'eu'
medo do novo
voltar as origens
como antigamente
eu levantava
sair do não-lugar
fingir adentrar
a realidade
inventada
creditada
acreditada
saber separar
o que no inferno
não é inferno
e abrir espaço
dentro de mim
dentro de nós
se hoje, é assim.
eu ainda prefiro
como antigamente.