sexta-feira, 20 de agosto de 2010

cartas sem destino*


Chér amie,

Na virada do ano, de 2007 para 2008 eu chorei e supliquei para que deus me pudesse doar um amor. Aquele amor, que eu já, naquele momento havia entendido ser humano: embora os homens me fossem mais visíveis desta fôrma eu pude me abster. Afinal a minha fôrma era de outra natureza. Eu, que achei-me livre por não sofrer da mais comumente, disseminada pelo que chamamos de "indústria homo", fôrma, hoje surpreendo-me e admito: EU TAMBÉM IDEALIZARA. Mesmo não idealizando. Hoje está claro em mim: quem não toma partido, sem saber, TOMA-O! Não é verdade?
Eu, que tolamente na virada referida no começo deste conjunto de palavras, pedia simplesmente um amor, não sabia, que por trás, nas minhas entrelinhas, havia a carência: NÓS QUE FODIDOS FOMOS pela vida, embora em diferentes e pessoais aspectos (mesmo considerando milhares de haitianos em situação "pior") devotamos nossas necessidades em algum, alguém...
Por que é difícil carregar sozinho?

Enfim, aquele mesmo tolo e sonhador agora lhe escreve! Agora com um AMOR, Deus ouviu minhas preces, minha cara! O aprendizado jamais termina! A única certeza que eu posso chamar de minha é que mesmo nos dois segundos antes do últimos suspiro desta vida nossa É POSSÍVEL APRENDER! E aprender requer reciclagem pessoal... é um turbiulhão de emoções que me toma sempre... que me impulsiona sempre!

Lhe escrevo para lhe dizer, secretamente - pois quem sabe eu não esteja errado? , minha última descoberta: apenas uma vida....não é o suficiente para mudarmos e abrirmos mão de nossa terceira perna! Nem mesmo nós, que já nos reciclamos tantas vezes para poder caminhar, prosseguir, creio que não chegaremos a atingir uma mudança considerável!
O que chamo aqui de mudança não se trata de calar, aprender a controlar a impulsividade ou aprender a se colocar como o outro! Você percebe que, aprender a controlar o impulso não é cortá-lo?

Cada vez mais percebo calmamente, que é perigoso demais cortar os próprios defeitos: clarice já previra a máxima: NÃO SE SABE QUAL DEFEITO É QUE SUSTENTA O EDIFÍCIO INTEIRO!

Me diga quem foi que conseguiu atingir a total desconstrução sem ter cometido o suicídio? O suicídio como salvação, claro! Os covardes que ainda assim continuam vivos, nestes casos, depois de des(cons)truídos ainda mantiveram o olhar de arrependimento!
O amor as vezes é tão injusto, ou melhor, não ele: NÓS MESMOS!
O casamento é um leão por dia, minha cara! QUEM CRIA, ALIMENTA ESTES LEÕES? NÓS MESMOS!
E esperamos o momento correto para livrá-los de nossas jaulas, como se a partir do momento que tais felinos passam a pisar em terra firme, a responsabilidade passasse de nossas para terceiros, quartos, quintos, sextos!
Essa incurável mania de nós para os outros! Para que esse costume tão disseminado de almejar a alteração do que se ama? Não faz sentido! Ninguém pode alcançar tal mudança, minha amiga! Não se apaixona pelo que não existe! Esses dias ouvi que no casamento, as pessoas passam a odiar aquilo pelo qual antes era APAIXONADO! Olha que frase filha da PUTA! Mas não se pode permitir tamanha boçalidade!
É um absurdo! Entende perfeitamente os leões que me referi ali atrás, né? Enfim...
Me sinto esvaziado agora, mas me sentiria muito pior daqui alguns anos, se tal ilusão me fosse tirada.
Ficaria perdido! Muito perdido, imagina!
Não existe controle! Eu, sentimental, iria destruir a sentimentalidade dela se continuasse na vá ilusão certa que seria possível mudar isso nela! Ela não mudaria, se treinaria para que eu acreditasse nesta mudança!

Mesmo se ela quisesse, almejasse, não conseguiria....então voltamos na parte em que escrevi, dos DESTRUÍDOS.

*escrito em 2 de fevereiro de 2010

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