terça-feira, 24 de agosto de 2010

14:50

Só agora percebo com tamanha clareza os malefícios que uma mãe traz consigo.
De geração em geração: de mãe pra filho, que por sua vez transmite aos netos e assim por diante.
É por medo de seguir adiante com meus objetos de adoração que prefiro não ter filhos. Não quero passar nada pra frente, me é permitido escolher.
Não quero fazer uso de segundas personas para que assim o que chamam de genes sejam lançados adiante.
Somos mais que animais que precisam de bandos, fêmeas e números.
Quanto mais genes somados, multiplicando-se também as necessidades de sobrevivência: mais presas, mais tudo.
A consciência. O excesso e a falta podem viver sob mesmo teto, sobre idêntica parcela de terra.
Vítimas da própria consciência dividem o mesmo espaço e a, cada vez mais onipresente, inconsequência amedronta e enfraquece os cérebros inquietos.
Parece que a dor tardará passar, a angústia será sempre presente em mim? É tanta que meus bocejos ameaçam me derrubar pra sempre.
Para toda eternidade seremos testados e quem sabe diariamente, traídos por um bocejar ou outro?
É o bocejo mudo que me expõe. Realmente ele me ajuda. Assim expresso o que não se exprime.
O bocejar é um eterno paradoxo.
Estou triste e preciso me libertar, assim perdoar, entrar em consonância gratuita com o outro. O OUTRO.
Também o outro que existe em mim e que mais de maneira rápida, tão ligeira quanto os bocejos que me surpreendem quando menos espero, me enchem os olhos de lágrimas. As mais inúteis!
Despejadas por excesso de contingência, é apenas uma medida de segurança ante o perigo iminente da explosão de glândulas lacrimais. É o bocejo!
É o bocejo NEUTRO que as escorre externamente, antes mesmo de atingir a boca e retomar o processo (quem sabe voltar a armazenar-se na espera ansiosa de sair em oportuno momento?) séca no meio do caminho...desaparece!

escrito em três de fevereiro de 2010


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