não me justifico: assumo-me.
eu poderia falar de minhas insistentes ofertas que dedico-lhe em silêncio: que as minhas prioridades sejam para ti, que recebe a oferta, tão valiosas como minha vida deveria ser...como a sua vida a mim, é.
eu poderia começar falando de minha arrogância provocadora, e de minha insistência em olhar apenas para as minhas dores em meus delírios perseguidores, onde à mim todos parecem fingir não me ver. eu poderia relembrar-me das incontáveis vezes em que ajuda recebi, mesmo quando eu não conseguia enxergar socorro. eu também poderia falar das vezes intermináveis em que me coloquei como vítima diante da responsabilidade que deveria ser só minha. a minha arrogância é pretexto posto que eu mesmo me subestimo.
eu deveria falar também como quem lucidamente olha pra si, como costumeiramente faço, embora não comente. eu deveria dizer-lhes como sinto por não conseguir modificar-me. transformar a dura realidade: não importa aos outros o que importa a mim... e eu também deveria dizer de como é penoso encarar o fato de que, diante de tamanha inconformidade a vida ainda pulsa. eu poderia e deveria dizer-lhes que não lamento nada e que tudo deve prosseguir. mas não é assim que acontece.
como agora a dor pungente em minha cabeça indica minha imaturidade. como agora a dor que me impulsiona a escrever-lhes mesmo sabendo que ninguém vai ler, nem comentar. essa dor também me esclarece: se alguém me ler, não terá o que dizer.
eu poderia me embriagar e denunciar que nada sei. esse assistencialismo que eu cresci chamando de ideal. eu poderia também elencar o que me fez achar assim, e quais aspectos de minha criação eu mesmo teria mudado, se pai eu fosse. eu deveria repetir mais a mim mesmo: não existem culpados! eu poderia ir além, se eu pudesse de fato nunca mais surpreender-me ao sentir o que não controlo. ainda.
eu poderia dizer aqui abertamente de minha grande decepção, do tamanho exato de minha ambição que a precede. eu poderia esclarecer afirmando o que me vem à cabeça sempre: eu, no seu lugar, faria diferente!
2 comentários:
Do diário de Maria, em um dia em que estava menstruada e não podia trabalhar:
"Se eu tivesse que contar hoje minha vida para alguém, poderia fazê-lo de tal maneira que iriam me achar uma mulher independente, corajosa e feliz. Nada disso: estou proibida de mencionar a única palavra que é mais importante que os onze minutos – amor.
Durante toda a minha vida, entendi o amor como uma espécie de escravidão consentida. É mentira: a liberdade só existe quando ela está presente. Quem se entrega totalmente, quem se sente livre, ama o máximo.
E quem ama o máximo sente-se livre.
Por causa disso, apesar de tudo que posso viver, fazer, descobrir, nada tem sentido. Espero que este tempo passe rápido, para que eu possa voltar à busca de mim mesma – refletida em um homem que me entenda, que não me faça sofrer.
Mas que bobagem é essa eu estou dizendo? No amor, ninguém pode machucar ninguém; cada um de nós é responsável por aquilo que sente, e não podemos culpar o outro por isso.
Já me senti ferida quando perdi os homens pelos quais me apaixonei. Hoje estou convencida de que ninguém perde ninguém, porque ninguém possui ninguém.
Essa é a verdadeira experiência da liberdade: ter a coisa mais importante do mundo, sem possuí-la."
Lembrei de um dia em que disse pra vc, alterado por ter usado ilícitos e levemente embalado pela musica eletrônica que nos envolvia, amigo! tenho a sensação que minha cabeça vai explodir!
lembra?
é difícil encarar a reflexão da vida. é injusto e perigoso. a maioria das pessoas se alienam, ficam bitoladas em distrações cotidianas.
pensem nas crianças mudas telepáticas.
as pessoas, que as vezes se pegam refletindo, logo se policiam e interrompem o processo.
isso é bom? isso é viver na mentira?
eu não sei.
seria se conformar?
pois arrisco :
imagine vc.
agora crie seu alterego e lhe de um nome. nao posso dizer o nome do meu e nunca diga o nome do seu.
crie seu pseudônimo e deixe que ele lhe julgue. que ele lhe diga: eu, no seu lugar, faria diferente.
dae pergunte.
como faria então?
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