eu, que quando alego a eterna incompreensão, posso parecer cansativo. mas os por quês (que parecem eternizar os pra quê's) são quase inerentes à minha existência. eu, que incompreendo os passos! os passos e os caminhos são eternos também. eu, que julgo a história ingrata por perder-se no tempo quase sempre todas vezes...em que pergunto, sem entender, onde cravarão os nomes, todos eles, daqueles que deixam a vida?
eu, que quebro a televisão ao abrir minha capa protetora! em meio ao bombardeio, eu tento preservar-se, muito embora eu não tenha total consciência do preservado. fugindo à consciência há muito mais o não conhecimento do total preservado. portanto não trata-se de uma redoma, mas envolvendo-me do que não se vê, penso tornar intacto o brilho. o mesmo brilho que, aos poucos sei que a vida apaga. o que creio é que o brilho jamais cessa. depois da morte, deve direcionar-se lentamente à lugar desconhecido! é o apego terreno! não me acho tão capaz de renúncia ao que posso tocar. tenho apego ao chão que eu piso. meu pé transpira tanto quanto minha cabeça, que ora está nas nuvens, ora em queda livre.
os ritos da morte, como véu negro [por reunir todas as outras cores] que cai sobre todos e sorrateiramente os encaminham rumo ao eterno esquecimento. "não seria consolo pensar que a morte acaba com tudo de repente?". todos meus mortos foram afastados de mim. sairam de nossos quintais, foram pro sítio emoldurado por tijolo, alguns sortudos encontraram ao menos sombra abaixo das farinha-secas que, odiadas tratam de seguir à sua vida, sozinhas, com a ajuda do vento.
mas praquê as ambivalentes palavras e gestos que carregamos, se todos estamos à caminho do que não se sabe? ou melhor, rumo ao desconhecido! o dia nasce e o dia morre. o roteiro é o mesmo.
talvez pudesse ser terrível se eu, aqui, disparasse a escrever efêmeras certezas, passíveis de mudança de dois em dois minutos. seria mais terrível se eu me enchesse agora, do futuro que eu não controlo, porém idealizo. e como!! nem sei se realizará. admiro as reinvenções que alguns seres são capazes e respeito minhas impossibilidades embora muito frequentemente me lanço porquê's intermináveis. eu preciso caminhar sem saber praonde vou. parar numa praça, fumar um cigarro. são tantas necessidades. somos seres treinados à ambições e desejos. e mais: ligados à impossibilidade de realizações.
somos constantemente corrompidos. são bombardeios de todos os lados. estamos cegos. fechamos os olhos, passamos reto, seguimos em frente. sempre pensando lá na frente. nas contas a pagar, nas contas à adquirir...por favor, não me incomode eu tenho meus problemas!
não reconhecemo-nos no outro.
o mundo parece tão rico que apodrece.
e o ser humano é a maior contradição de todos os seres: somos seres sociais entretanto estamos fadados à solidão.
Um comentário:
"somos seres sociais entretanto estamos fadados à solidão." síntese perfeita.
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