
eu quero circular
a escala da cidade
me diverge de ti
embora o teu desejo
seja também como o meu
extravaso-te
e entro
sou o alvo dos olhos do mundo
me ressinto
me perseguem
como
do que me ofereces
pois ainda há fome
em mim
em ti
em nós
o espaço inflado
meio metro quadrado
meio quadrado
é meu
o caos reina
em ordem minha
minha miséria
está colada na sua
abaixo a cabeça, mas aguardo
ansioso para ergue-la
reconheço em mim
nossas ânsias
estão entrelaçadas
embora eu me ilumine todo
e tento.
eu consumo
e vivo,
espasmo muscular
enquanto ando pelas águas,
leve torpor
milhares de outros glóbulos
que me foram sonegados
pulsam
e por si só
são menos onerosos
as fibras musculares rompidas
a dois passos de mim
queridos vizinhos,
salvem-se se puderem
pois minha descoberta continua
dor lúcida
o iminente "só"
o que comemoras?
se em mesa tua
repousam as coisas
inanimadamente
animadas por vós?
há que se pagar um preço alto
por passar incólume às existências
facilmente sonegáveis
corpos que caem
e levantam-se
mais um dia na cidade
inegável solidão
partilhada!
2 comentários:
Lucidamente, mas miopiamente deixo a dor dilacerar a alma. Finjo não ver as imagens que são reais e me ferem amargamente. Por fim suicido-me, e ainda peço desculpas se não o fizer direito...
Partilhada à mesa, partilhada em cada gole, partilhada no olhar: todos os cantos são cheios de solidão.
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