Lispector, C. em A Paixão Segundo G.H.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
"o golpe da graça"
"FALTA apenas o golpe da graça - que se chama paixão. O que estou sentindo agora é uma alegria. Através da barata viva estou entendendo que também eu sou o que é vivo. Ser vivo é um estágio muito alto, é alguma coisa que só agora alcancei. É um tal alto equilíbrio instável que sei que não vou poder ficar sabendo desse equilíbrio por muito tempo - a graça da paixão é curta. Quem sabe, ser homem, como nós, é apenas uma sensibilização especial a que chamamos de "ter humanidade". Oh, também eu receio perder essa sensibilização. Até agora eu tinha chamado de vida a minha sensibilidade à vida. Mas estar vivo é outra coisa. Estar vivo é uma grossa indiferença irradiante. Estar vivo é inatingível pela mais fina sensibilidade. Estar vivo é inumano - a meditação mais profunda é aquela tão vazia que um sorriso se exala como de uma matéria. E ainda mais delicada serei, e como estado mais permanente. Estou falando de morte? estou falando de depois da morte? Não sei. Sinto que "não humano" é uma grande realidade, e que isso não significa "desumano", pelo contrário: o não humano é o centro irradiante de um amor neutro em ondas hertzianas."
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Um comentário:
Eita! Faz tempo q não vejo um blog tão;mais TÃO IDIOTA! ô louco; se tá zuando que essa é a geração de arquitetos????!!!fodaaaaaaaaa!!!!
Paga pau!!!!
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