quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

"Faíscas das britas e leite das pedras"


me demoro dias, esperando que aconteça
me escondo na fatalidade
e encaro a fome de vida
a minha
a nossa

porque me felinizo ao ouvir

a melodia noturna me toma
me escondo faltalmente atrás das nuvens
e em segundos, assim como o gato na lua
dispersa-se

qualquer ruído me atenta
prefiro o pulo à pedir licença

me assusto
de quantas vivalmas precisarão a mais, eles?
da minha!

socorro-me as lâminas
que de papelão que são
iluminam-me
assim como a luz da lua
no gato.

acelero, me freio e breco
afronto-me
afronte-se
me solidarizo comigo
solidarizemo-nos

houve abandono
de outros, mas não de mim mesmo

de grão em grão
a galinha rompe a casca
do ovo


*

4 comentários:

Camila S. disse...

Construções assimétricas da alma.

Alindo Alves disse...

...

enche o papo...
fica de saco (papo) cheio...

pena (não a da galinha) que o ovo em questão possui camada tão forte e teimosa...
teima em não despedaçar e livrar aquele que precisa de vento fresco no rosto...

a galinha, que deveria ser engolida pelo gato, fica lá, insuportavelmente assistindo as tentativas frustadas...

nos resta então aguardar o gato abandonar este cenário...

Anônimo disse...

parafraseando caetano divino veloso: esse papo seu já tá qualquer coisa
você já tá pra lá de Marraqueche pode ser que se calar fose menos frustrante para quem escreve e para quem le

Arquitetando Palavras disse...

bem vinda anônima ao meu espaço.. já posso ouvir finalmente as reverberações internas. o eco é obrigatório e o grito, opcional. que restem apenas as vozes, sufocadas pelo ideal de uma vida de sucata, pela liberdade e pela felicidade, meras simulações da realidade.